Acho que tou (Luís Fernando Veríssimo)





Oiê!!!
Tudo bem com vocês?

Como vai a leitura na quarentena? Hoje a gente vai falar um pouquinho sobre a Crônica.
A Crônica Literária é um dos meus gêneros textuais favoritos. A palavra é de origem grega e vem de Chronos, que significa tempo.  Antigamente a palavra crônica era usada para os registos de fatos e acontecimentos que ocorriam ao longo do tempo de forma cronológica. 
Porém, atualmente crônicas literárias são narrativas que, baseadas no cotidiano das pessoas, contam histórias comuns com um olhar diferente do cronista. Que para nos chamar a atenção deixa sempre uma surpresa no desenrolar ou no desfecho da história. E mais, tem um objetivo bem definido: emocionar, refletir, criticar ou tratar do fato com humor. O que acaba cativando muitos leitores.
E hoje, pensando nos meus alunos, eu trouxe uma crônica pra vocês que trata de forma bem divertia um assunto bem comum na adolescência. O texto é do Luís Fernando Veríssimo, que é um mestre em produzir cronicas no Brasil e eu espero que vocês gostem.
Vamos fazer a leitura?

Acho que tou



- Acho que tou – disse a Vanessa.
- Ai, ai, ai — disse o Cidão.

No entusiasmo do momento, os dois a fim e sem um preservativo à mão, a Vanessa tinha dito "Acho que dá". E agora aquilo. Ela podia estar grávida. Do "Acho que dá" ao "Acho que tou". A história de uma besteira.

Mais do que uma besteira. Se ela estivesse mesmo grávida, uma tragédia.Tudo teria que mudar na vida dos dois. O casamento estava fora de questão, mas não era só isso. A relação dos dois passaria a ser outra. A relação dela com os pais. Os planos de um e de outro. O vestibular dela, nem pensar. O estágio dele no exterior, nem pensar. Ele não iria abandoná-la com o bebê, mas a vida dele teria que dar uma guinada, e ele sempre culparia ela por isto. Ela não saberia como cuidar de um bebê, sua vida também mudaria radicalmente. E se livrarem do bebê também era impensável. Uma tragédia.

– Quando é que você vai saber ao certo?
– Daqui a dois dias.

Durante duas noites, nenhum dos dois dormiu. No terceiro dia ela chegou correndo na casa dele, agitando um papel no ar. Ele estava no seu quarto, adivinhou pela alegria no rosto dela qual era a grande notícia.

— Não tou! Não tou!

Abraçaram-se, aliviados, beijaram-se com ardor, amaram-se na cama do
Cidão, e ela engravidou.


Luis Fernando Veríssimo.




Por hoje é só.
Beijo, abraço e até!




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